O Ministério Público Federal (MPF) em
Pau dos Ferros vem investigando denúncias de irregularidades na obra da
creche Djalma de Freitas, localizada no mesmo município. A creche chegou
a ser inaugurada pelo ex-prefeito Leonardo Rego, em 2012, mesmo sem
estar concluída e até hoje não recebeu uma única criança.
A obra seria fruto de um convênio celebrado pela Prefeitura com a União, em 2007, no valor de R$ 937.634,05. O objetivo era erguer uma creche modelo. O prazo era até 1º de outubro de 2009, mas não foi cumprido e ocorreram cinco prorrogações, sendo quatro delas não justificadas. As pendências da obra não foram sanadas e o convênio esgotou sua vigência, sem que o prédio tenha sido concluído
Ainda assim, em 29 de dezembro de
2012, a creche foi formalmente inaugurada pelo ex-prefeito Leonardo
Rego, dois dias antes de encerrar seu mandato. A inauguração foi
acompanhada pelo então vice-prefeito, Fabrício Torquato, que assumiu a
Prefeitura a partir de 2013. Diante das possíveis irregularidades,
vereadores ingressaram com uma representação junto à Procuradoria da
República em Pau dos Ferros, que deu início às investigações, através do
inquérito civil 1.28.300.000044/2013-41.
O procurador da República atualmente
responsável pelo inquérito, Marcos de Jesus, designou uma audiência e
notificou Fabrício Torquato e Leonardo Rego para apresentarem
explicações sobre as supostas irregularidades. O atual prefeito
confirmou que a creche “foi inaugurada, mas sem condições de
funcionamento”. Segundo ele, quando Leonardo Rego inaugurou a unidade, o
próprio Fabrício imaginou que “teria condições de colocar a creche em
funcionamento em pouco tempo”.
Já Leonardo Rego não compareceu para dar
explicações ao MPF. Na data da audiência, o último dia 7, faltando
apenas uma hora para ser ouvido, o ex-prefeito substituiu seus advogados
do escritório de Pau dos Ferros por outro com escritório em Natal. O
novo representante enviou uma petição por e-mail, apenas quatro minutos
antes do horário marcado, requerendo adiamento. Para o procurador da
República, a substituição teve o objetivo unicamente de atrasar o
andamento do inquérito.
O ex-prefeito ainda solicitou ser ouvido
em Natal, em razão de supostamente estar domiciliado em Parnamirim.
Porém, na procuração outorgada aos primeiros advogados, o ex-prefeito
informava que residia em Pau dos Ferros, cidade onde mantém, inclusive,
seu domicílio eleitoral. O inquérito civil agora se encontra em fase de
conclusão das investigações e o representante do MPF irá avaliar
possíveis providências judiciais a serem adotadas.
Por Glauber Nascimento.
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