domingo, 6 de setembro de 2009


Em almoço no Palácio da Alvorada, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), enquanto saboreava uma paleta de cordeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discorreu sobre os possíveis candidatos a vice-presidente na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2010.


"No PMDB, Temer e Hélio Costa são bons nomes. Mas o pessoal da Dilma gosta do Ciro." Campos, presidente do PSB, mesmo partido do deputado Ciro Gomes (CE), devolveu: "Seria, inegavelmente, uma boa chapa.


"Dois meses antes, reuniram-se para um café da manhã Dilma e o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). A pré-candidata do governo manifestou sua preocupação com uma notícia que recebera dias antes de que são boas as chances de a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) ser a vice na chapa tucana, se o candidato for o governador de São Paulo, José Serra.


Os dois episódios revelam que, embora as candidaturas a presidente não estejam sequer oficializadas, o debate sobre os vices já fervilha nos bastidores.


Ao expor sua apreensão sobre quem fará a dobradinha com Serra, Dilma sinaliza que a escolha de seu vice pode estar condicionada à definição do adversário. Mas, de antemão, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), falando em causa própria, adverte: "Se aprovarmos a aliança com o PT na convenção, o vice tem que ser do PMDB.


"O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), endossa: "Temer, como vice, dá um caráter mais do que institucional à aliança." O problema é que a histórica divisão do PMDB leva o governo a pensar em nomes de outros partidos. Por isso, a opção Ciro, que, além de bom de palanque, é um puxador de votos no Nordeste.


Com a entrada de Marina Silva (PV) no jogo da sucessão, Ciro tem dito que não abre mão de sua candidatura ao Planalto. Seus aliados, no entanto, garantem que o deputado ainda trabalha com a possibilidade de ser vice do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) ou de Dilma, dependendo do cenário. "Vou fazer o que o PSB decidir", afirma Ciro.


A história recente do País pode explicar o alvoroço. No período de redemocratização, dois vices acabaram assumindo a Presidência, José Sarney e Itamar Franco.


Para seduzir setores refratários a sua candidatura, Marina da Silva aposta em algo parecido. Já sondou os empresários Guilherme Leal, da Natura, e Roberto Klabin. Mas integrantes do PV acreditam que uma chapa Marina-Gilberto Gil teria um apelo mais popular. No governo, chegaram a defender o nome do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para vice de Dilma.


"Se o Meirelles for para o PMDB, ele se torna um vice-presidenciável", admitiu o ex-ministro José Dirceu. Meirelles, porém, deve disputar o governo de Goiás.


Como em 2002, Serra pode escolher uma mulher como vice. "Temos bons quadros para compor a chapa com o PSDB. Entre eles, Kátia Abreu", diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Kátia, ruralista, é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).


Mas o DEM disputa a vaga na chapa com o PPS, em que o nome mais forte é o do ex-presidente mineiro Itamar Franco. "Itamar Franco é a nossa indicação para vice", confirma o presidente da legenda, Roberto Freire.


Uma coisa é certa no PSDB: a chapa puro-sangue está mesmo descartada. Em encontro nesta semana com a cúpula do PR, o governador Aécio pôs um ponto final no assunto. "Só tenho uma certeza sobre 2010: não serei vice do Serra", disse o mineiro.


Fonte: Revista Isto É – edição desta semana