segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reflexão para o próximo governador (a) do RN.

Há poucos dias, através da rede de microblogs Twitter, o vice-governador Iberê Ferreira (PSB) perguntava: qual a prioridade para o futuro governador do Rio Grande do Norte?

Pré - candidato a governador e eventual governador em 2010, com a iminente renúncia da titular Wilma de Faria (PSB), Iberê sabe com a experiência de mais de 40 anos de vida pública, que há muito a ser feito. Pena que vários governantes eleitos e biônicos tenham passado pelo cargo executivo com alguma boa vontade, mas pouca ousadia.

Minha sugestão a Iberê é a mesma a qualquer outro pré-candidato: é preciso interiorizar o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Do contrário, continuaremos assistindo o funcionamento de dois estados distintos e excludentes: a Grande Natal com cerca de 76% da receita/mês do RN e o interior dividindo a sobra. De cada R$ 10,00 do meio circulante, quase R$ 8 transitam em Natal e seu entorno.

Nos últimos 50 anos, talvez apenas Aluízio Alves e Cortez Pereira tenham enxergado à frente do seu tempo, pensando de forma macro o território potiguar. Fora eles, acompanhamos gestores afeitos ao convencionalismo gerencial e se entregando à politicalha, além do assistencialismo patológico.

Muito pouco foi desencadeado para propiciar a autonomia do cidadão e alavancar o surgimento de pólos econômicos, a partir do potencial de cada microrregião. Falou-se em “choque de gestão”, “reforma administrativas”, “superintendências regionais de desenvolvimento” etc. Mas tudo não passa de sofisma.

No máximo tudo serviu como retórica. Com pouco mais de 3 milhões de habitantes e arrecadação/mês da ordem de 220 milhões, enormes riquezas naturais e posição geopolítica estratégica, o Rio Grande do Norte é um gigante espoliado. Rosna, mas não morde ninguém.

Sobram apenas migalhas à maioria de seu povo, sobretudo porque a concentração de riqueza amplifica seus problemas. Boa parte deles derivada de uma cultura patrimonialista-espoliadora que conservamos multissecular mente.

O próximo governador não fará nada além do que a maioria produziu, se repetir o que tem sido feito até aqui. Saúde, educação, segurança pública e outros benefícios continuarão no imaginário popular e na propaganda oficial. Faz – de -conta.

Estamos distantes de promover uma réplica da grande revolução que o Ceará começou há tempos, apesar de possuir quase 9,2 milhões de habitantes, boa parte do território no semi-árido e histórico de mandonismo colonial.

Por lá se aposta numa “gestão para resultados”, descentralizando investimentos e modernizando a relação entre Estado-servidor público, Estado-setor produtivo, Estado - sociedade.Não chegam à excelência, porém saíram do primitivismo politiqueiro.

Nós seguimos nesse “oito”. Vibramos com construção de um estádio faraônico, mas não possuímos um porto à exportação das riquezas nativas; damos títulos de cidadania a cantor de axé e não temos dinheiro para núcleo de neurociência; deliramos com a Miss Brasil potiguar e esquecemos o Walfredo Gurgel em frangalhos.

Reitero: o próximo governador (a) não será melhor do que seus antecessores, se apenas seqüenciar erros e acertos de quem já passou.
Será apenas mais uma fotografia na parede das repartições públicas, com sorriso de orelha a orelha por seu êxito pessoal em chegar ao topo do poder, em cima da miséria e ignorância da massa.

Retrato por retrato, eu prefiro o de Dorian Gray, do gênio Oscar Wilde. Esse é imortal. O que os políticos norte-rio-grandenses costumam utilizar não dura mais do que alguns anos. Logo perde o foco.


Blog do Herzog