terça-feira, 5 de outubro de 2010

O resultado das urnas no Rio Grande do Norte consagra alguns nomes. Mas também condena outros.

Um caso emblemático é Wilma de Faria (PSB), candidata derrotada ao Senado, ex-governadora até o final de março deste ano.


Por precipitação, ranço politiqueiro ou passionalidade, algumas pessoas se apressam em encontrar culpados. A lista começa pelo seu marketing, passando pela suposta fragilidade do candidato governista Iberê Ferreira (PSB) etc.


Alto lá!
Wilma é algoz de si mesmo. Construiu e demoliu a própria imagem de “Guerreira” destemida, arrojada e quase imbatível. As eleições de 2010 são, talvez, sua última batalha.


O wilmismo sai destroçado das urnas. Isso é fato. O estrago não foi completo por causa de detalhes.
A campanha, em si, apenas refletiu um desmanche que começara lá atrás.

No futebol, antes do campeonato existe uma pré-temporada que serve à arrumação da equipe. Na campanha existe algo parecido, a pré-campanha. Se as costuras vão mal, os reflexos pipocam adiante, precisamente nas urnas.


Na pré-campanha do wilmismo foi desenhada uma derrota que não causa surpresa.
Além do adversário difícil, senadora Rosalba Ciarlini (DEM), aparecem em relevo a autosuficiência, menosprezo a aliados e arrogância. São fatores que explicam, em parte, o desmoronamento.
Ela extraviou enorme capital político amealhado ao longo dos últimos anos.
Perdeu o deputado Robinson Faria (PMN), que virou vice de Rosalba; abriu mão de um dos principais planificadores de suas campanhas, o deputado Rogério Marinho (PSDB; não passou confiança a aliados que ficaram como os deputados federais Henrique Alves (PMDB) e João Maia (PR).
Seu governo até podia ser visto em farta propaganda, mas não costumava ser lembrado.
Tem mais.
A autosuficiência apareceu, por exemplo, ao repetir o erro de 2008 em Natal, quando só arrumou a chapa à prefeitura na 25ª hora. Fez o mesmo em 2010. Montou “no tranco” a chapa Iberê-Vagner Araújo (PSB).

Wilma coleciona desapontamentos.


Perde feio a cadeira do Senado, sendo apenas terceira colocada, não consegue eleger seu filho Lauro Maia (PSB) deputado estadual e reelege a duras penas a filha Márcia (PSB) à Assembleia Legislativa.


Além disso, não tem qualquer deputado federal de sua confiança direta e ainda é obrigada a engolir a vitória de José Agripino ao Senado, sem conseguir fazer o sucessor.


Exímia combatente, Wilma agora está à frente de um “Exército de Brancaleone”, juntando os cacos daquela que talvez tenha sido sua última batalha: “Waterloo”.


Por Carlos Santos