sexta-feira, 29 de julho de 2011

Artigo do Jornalista Marcio Costa do Mossoroense

A verdade sobre as duas Pau dos Ferros - Parte I


Como adiantei ontem vamos as considerações a respeito da conversa mantida com o Chefe de Gabinete da Prefeitura de Pau dos Ferros, Alexandre Aquino, no último sábado. Minhas posições com relação ao cenário político pau-ferrense sempre foram muito claras e transparentes. Não voto em Pau dos Ferros, não tenho predileção por lideranças políticas, nem direciono meu trabalho para beneficio seja lá de quem for. Esta posição me deixa muito à vontade para opinar onde eu achar necessário. Opinião é opinião e não tenho o hábito de utilizar a minha de forma inconsequente. Não precisam concordar com a minha, nem eu sou obrigado a concordar com a de ninguém. Esta regra é básica numa sociedade democrática e precisa ser respeitada por todos. Já escrevi em mais de uma oportunidade: na minha ótica, Pau dos Ferros conseguiu evoluir em vários quesitos quando o assunto se volta para a administração pública municipal. Quebrou vícios, moralizou atos, ampliou a arrecadação, burocratizou normatizações e, coincidência ou não, garantiu a melhoria no complexo de infraestrutura física e educacional do município. Mas passados seis anos de mandato do prefeito Leonardo Rego não tenho subsídios que me garantam base para afirmar que o município mantém uma gestão perfeita como defendem os mais próximos. Longe disso. Os efeitos obtidos na eficiência dos procedimentos administrativos não foram convertidos em resultados de gestão em mesma proporção. No último domingo, visitei a periferia da cidade. No roteiro, os bairros Manoel Deodato e Riacho do Meio. Cenário de pobreza extrema. Ruas por onde não trafegam veículos por falta de algo básico. Não estou falando de asfalto ou calçamento. Estou falando de 'ruas' que não são ruas. De ruas por onde há dificuldade de tráfego até mesmo para pedestres. Esta 'regalia' não está limitada a periferia. Bairros nobres como o Nações Unidas, também sofrem com este problema. Gestão democrática é bem verdade. Vou além. Mudo o foco. Falo das dezenas de casas de taipa em plena zona urbana. Esgoto a céu aberto. Problemas graves na área da saúde pública. Falo do estouro no número de casos da dengue que até poucas semanas colocava a cidade no topo da lista de todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte. É esta a gestão perfeita? É quando o referencial se nivela por baixo. Pau dos Ferros evoluiu, é bem verdade, mas mantém uma gestão marcada por uma faceta perigosa. É uma menina pobre vestida em traje de luxo, que pode até esconder sua origem, mas nunca esconder as marcas do que realmente é. Esta é minha opinião. O mínimo que os governistas podem fazer é respeitar. Afirmar que sou oposição, que faço parte de uma quadrilha ou que estou a serviço de um grupo perigoso, pode ser aplicado como saída para alimentar o ego e enganar inocentes que são obrigados a ver uma verdade distorcida. Descaracterizar minha opinião é uma vergonha para quem se diz tão evoluído. Querem me calar? Calem-me com respostas. Calem-me com ações, com dados, com números, com argumentos. Mas não me virem as costas. Mandem-me relatórios. Provem que o que vi foi ilusão. Provem que é possível trafegar nas ruas que não têm acesso. Provem que as famílias residentes no lixão ganharam um lar, e o direito a fazer uma refeição digna por dia. Provem que o município erradicou casas de taipa e que os pobres da cidade não estão entregues às baratas. Aí falarei que a cidade mantém uma gestão perfeita. Calem-me com argumentos e não com ameaças. Por que ameaças não me intimidam, me alimentam. Calem-me com dignidade, por que é o mínimo que políticos sérios podem fazer. Por que qualquer tática aplicada além desta regra básica da democracia será encarada como uma ofensa bem maior do que a de uma simples crítica. Que me processe quem achar que estou mentindo. Mas antes pense duas vezes. Falar a verdade e ferir honras são atos distintos. A Justiça serve para todos. E ela não costuma coadjuvar com quem a usa de forma inadequada apenas para inibir ou sufocar. Na verdade, o que acompanhamos é a aplicação de uma tática bem conhecida e aplicada em vários momentos da história da humanidade. Pau dos Ferros hoje sobrevive pautada em duas realidades a que é real e a que inibi a realidade. Volto amanhã com a última parte deste texto. Até lá amigos