domingo, 11 de setembro de 2011

As implicações da adesão do PMDB de Henrique à gestão Rosalba

Na última terça-feira (6), aconteceu o que dez em cada dez observadores políticos esperavam acontecer. O deputado federal Henrique Alves (PMDB) anunciou seu apoio “político e administrativo” à gestão da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Agora, tanto a banda do partido sob seu comando como a fatia que segue a orientação do ministro Garibaldi Filho (Previdência) são, oficialmente, governistas. O anúncio põe fim à cisão peemedebista de 2010, quando Henrique e Garibaldi se dividiram, respectivamente, entre os palanques do então governador e candidato à reeleição Iberê Ferreira de Souza (PSB) e da então senadora Rosalba. Houve quem visse aí a velha tática usada pelas oligarquias de se dividir para se manter no poder.

 
O martelo da aliança foi batido durante um café da manhã no apartamento de Henrique. Depois do convescote, Rosalba disse que não poderia “prescindir do apoio, da força e da liderança” do peemedebista. A democrata ainda enalteceu a “expressão” que o deputado tem, atualmente, no cenário político nacional.

 
Líder na Câmara do partido do vice-presidente da República, Michel Temer, e, ainda, tido como dos interlocutores mais influentes do governo da presidenta Dilma Rousseff, Henrique se apressou em dizer que a aliança estadual com a gestão do DEM, adversário feroz da administração do PT, não lhe causa nenhum “constrangimento” com o Palácio do Planalto. Ele chegou até a dizer que a união teria a “simpatia” de Dilma.

 
O céu, porém, não é assim tão de brigadeiro, como pintado pelo líder peemedebista. Entre os aliados do Rio Grande do Norte, a aproximação com o DEM não foi nem um pouco bem vista. A deputada federal Fátima Bezerra (PT), por exemplo, disse não entender a postura dúbia do PMDB, que é aliado do PT em Brasília e, aqui no Estado, se une ao governo que tem à frente o partido que faz a oposição mais “raivosa” à gestão da presidenta Dilma Rousseff.

 
Fátima lembrou que o presidente nacional do DEM é o senador potiguar José Agripino Maia, fiador da eleição e da gestão de Rosalba Ciarlini. Jajá, como é conhecido o líder democrata, faz às vezes de franco atirador contra o governo federal desde o primeiro governo do ex-presidente Lula.

 
A incoerência ideológica, porém, parece não preocupar Henrique Alves. As atenções do peemedebista estão voltadas, na verdade, para 2014. O interesse dele é assegurar o apoio da governadora e do grupo do DEM ao seu projeto de disputar uma vaga de senador. Caso o plano dê certo e ele venha a ser eleito, a hegemonia da família Alves no Senado estaria assegurada, com Henrique e Garibaldi ocupando duas das três vagas do RN na Casa.

 
A aliança do PMDB com o DEM, embora politicamente forte, não é garantia da candidatura de Henrique ao Senado. Analistas políticos apostam que ele não se lançará numa situação extremamente favorável, com a vitória esteja assegurada por “W.O”. A ambição dele, dizem os observadores, é se tornar o “candidato de todos” em 2014.

 
Mais uma vez, nuvens carregadas surgem para tornar escuro o claro céu desenhado pelo líder do PMDB. É que, no meio do caminho, há algumas pedras que precisam ser removidas. A primeira atende pelo nome do vice-governador Robinson Faria (PSD), que almeja o mesmo posto ambicionado pelo peemedebista em 2014. Além dele, há a ex-governadora Wilma de Faria (PSB) e a deputada federal Fátima Bezerra (PT) que também têm planos de disputar a vaga no Senado. Num cenário assim tão congestionado, com nomes igualmente competitivos, Henrique pode declinar do páreo.

 
A matemática de 2014, entretanto, passa antes pelo pleito de 2012. É consenso em todos os lados ideológicos que o sucesso ou o fracasso na sucessão municipal do próximo ano, principalmente em Natal e Mossoró, será determinante para o embate de dois anos mais tarde. Mas político nenhum, vocês sabem, dá ponto sem nó.

 
Henrique e Rosalba acertaram que o PMDB terá candidato próprio a sucessão da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), com o respaldo do DEM. Em troca, os peemedebistas apoiarão a candidatura ungida pela governadora na disputa pela sucessão da prefeita de Mossoró, Fafá Rosado (DEM). Com isso, esperam garantir o controle das duas maiores cidades do RN, peças importantes no complexo tabuleiro que começa a ser montado para 2014.