Delegado Ben-Hur Medeiros assumirá inquérito que apura
possível crime de tráfico de pessoas
O delegado geral da Polícia Civil do RN, Fábio Rogério
da Silva anunciou hoje (03) o desaparecimento de cinco crianças do bairro
Planalto passará a ser investigado pelo delegado Bem-Hur Medeiros, titular da
Delegacia de Capturas (Decap). A informação foi passada durante audiência
pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do Tráfico de Pessoas do
Senado Federal, que aconteceu na manhã desta segunda, na Assembleia Legislativa.
As crianças foram raptadas há quase 14 anos e desde então o crime continua sem
respostas. Os pais dos desaparecidos participaram da
audiência.
No entanto, a divulgação de um fato novo deu aos
familiares a esperança de rever as crianças sequestradas, ou pelo menos saber o
que aconteceu em novembro de 1998 a dezembro de 2001, quando foram tiradas de
suas casas. O representante do Ministério Público, o promotor de Justiça Juvino
Pereira informou que no inquérito policial aparecem os nomes de um casal
suspeito de ter levado as crianças. Segundo a investigação, o americano Jefrey
Alan Preuuz e a brasileira Arlete Cury Mahs residiam no Planalto na época dos
desaparecimentos e são apontados como responsáveis pelo sequestro, alegando que
levariam as crianças para adoção.
Na manhã de hoje, a CPI do Tráfico se reuniu em Natal,
pela segunda vez – o primeiro encontro aconteceu em maio deste ano -, para ouvir
pessoas envolvidas na investigação e que desejavam apresentar novas informações.
Foi o caso do delegado que assumiu o caso, na época, Eloy Carvalho Xavier. Após
uma audiência pública, na qual foram apresentadas as informações sobre o casal
suspeito, os membros da CPI se reuniram secretamente com o delegado e com mais
três policiais que atuaram no caso, na época.
Durante a audiência pública, Eloy Xavier informou que
tomou conhecimento da existência do casal, na época, e que, a última informação
sobre o paradeiro dos dois era de que estavam morando numa cidade, no interior
de São Paulo. Na ocasião, o delegado também se queixou de não terem permitido
que ele continuasse na investigação. “Fui expulso do caso pelo delegado Heleno
Luiz, que na época era titular da 10ª Delegacia de Polícia”, afirmou.
ERROS NA INVESTIGAÇÃO
A CPI do Tráfico de Pessoas tem como presidente e
vice-presidente os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Davim
(PV-RN), respectivamente. Durante a audiência, o parlamentar declarou que
durante todos os anos de investigação a Polícia Civil do Estado cometeu uma
série de erros e, para ele, a instituição não deve continuar investigando o
crime. Para isso, o senador encaminhou a Ministério da Justiça uma solicitação
para que a Polícia Federal assuma o caso.
Diante das declarações do senador, o delegado geral da
Polícia Civil, Fábio Rogério disse que a instituição não pode ser maculada por
causa de um fato isolado. “A Polícia Civil do estado é totalmente capaz de
elucidar qualquer tipo de crime. No caso desse, que é um caso emblemático, foram
cometidos erros no início da investigação. No entanto, a falta de estrutura da
Polícia, em virtude do descaso de outros governos, prejudicou a investigação”,
declarou o delegado que afirmou que a Polícia Civil possui a mesma estrutura
desde quando ele ingressou na instituição, em 1997.
O delegado que está à frente do caso, atualmente,
afirmou que informações fundamentais podem ter se perdido ao longo desses 14
anos, tendo em vista que algumas testemunhas morreram e muitas provas se
esvaíram. “O tempo e os erros cometidos no início da investigação tornaram esse
crime mais difícil de ser desvendado, porém, não é impossível. Essa informação
do casal suspeito estava no inquérito desde o início. Por que nunca trabalharam
a possibilidade deles serem responsáveis pelo sequestro? É preciso uma dedicação
exclusiva para este caso”, afirmou.
POLÍCIA FEDERAL
A ideia de federalizar a investigação do
desaparecimento das crianças do Planalto surgiu em maio desde ano, durante a
primeira audiência pública da CPI no RN. Segundo o delegado geral da Polícia
Civil, se for solicitada a entrega do caso à Polícia Federal, será feito. Dessa
forma, a polícia investigativa do RN ficará totalmente de fora da apuração do
crime.
(84) 3232-5768
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