Por Ivenio Hermes e Cezar Alves
Embora nas cidades grandes a violência homicida e os crimes contra o patrimônio privado tenham números grandes, a criminalidade não encontra fronteiras na maioria dos outros municípios, sejam eles pequenos, médios ou grandes, e Pau dos Ferros também enfrenta problemas, principalmente em decorrência daqueles polarizados por outros municípios. Sua área que abriga quase 30 mil habitantes, recebe uma população flutuante de que se origina em outras 36 próximas, além de possuir a divisa do Ceará e também da Paraíba como fontes de imigração criminosa.
Sendo o principal polo educacional do
Alto Oeste, com a presença da UERN, IFRN e UFERSA, que atrai mais de 10
mil pessoas por dia, ainda assim o índice de crimes contra a vida foi
deveras menor que em outros locais com características similares ou com
dimensões menores.
Contudo, ao invés de colecionar
insucessos anteriores na promoção da segurança, a interatividade e a
proatividade tem conseguido manter os índices de violência em níveis
toleráveis.
O que acontece de diferente nesse município? Por que a relação crimes x população fixa x população flutuante
não provoca um adensamento nos índices de criminalidade? Mas não existe
inovação alguma que provoque esses resultados, o que existe é a
utilização correta de paradigmas modernos, em face dos poucos recursos,
como solução para os problemas de policiamento.
1. Integração Interação PC PM
Tanto o comandante da Polícia Militar,
Romualdo Borges Faria, quanto o delegado de Polícia Civil, Inácio
Rodrigues de Lima Neto, citam a interação entre PC e PM, bem como o
empenho individual dos policiais, que são moradores da região e conhecem
a bem como um fator do sucesso.
Romualdo Borges lidera o 7º BPM que
cobre 35 cidades, com 446 PMs, um número baixo em relação às demandas
que ele precisa para atender bem a região, trabalhando em escala de
revezamento em 3 companhias: Patu, Alexandria e Pau dos Ferros.
Inácio Rodrigues, titular da 4ª DRP tem
21 municípios em quatro comarcas: Pau dos Ferros, São Miguel, Luís Gomes
e Portalegre. Em Pau dos ferros a equipe é composta por Inácio
Rodrigues, cinco policiais civis e nove PMs que ainda estão na Delegacia
por conta de uma liminar.
2. Investigação e Prevenção
Um dos meios de combater a criminalidade
numa região com um número reduzido de policiais é a estação de
investigação no centro de detenção. Sabendo que boa parte das ações
criminosas seguem o fluxo de comando de dentro para fora, há um severo
monitorando dessas as atividades, controlando e seguindo informações que
se originam dentro do estabelecimento carcerário.
Essa antecipação ao fato faz com que se
chega um traficante novo na cidade, ele é identificado e logo preso, se
ocorre um assalto, a origem é logo determinada com prisão e recuperação
de bens, em caso de homicídio, testemunhas se sentem mais tranquilas em
denunciar, e logo o assassino é preso.
Todas as vezes que se percebe qualquer indício de elevação no número
de assaltos e/ou quando um novo traficante é transferido para o Presidio
ou CDP de Pau dos Ferros, um procedimento novo é instaurado e, com
ordem judicial, são realizadas várias ações de inteligência, inclusive
interceptações telefônicas.Resultados
A interação/integração das polícias e
métodos de antecipação ao crime tem surtido bons resultados na região,
com quadrilhas inteiras com mais de 40 traficantes, espalhados inclusive
no Rio Grande do Norte e no Ceará, sendo neutralizadas.
“Mais importante que apreensão de uma tonelada de drogas é a retirada de circulação de criminosos que alimentam esse mercado ilícito.” Inácio Rodrigues (Delegado de Polícia Civil)
Em sua premissa de combate visando
anular os operadores do tráfico, Inácio Rodrigues, com a ajuda da
Polícia Militar e integrado também com a Polícia Civil do Ceará e tendo o
suporte judiciário do juiz Rivaldo Pereira Neto da Vara Criminal da
Comarca de Pau dos Ferros, que inclusive vive ameaçado pelos
narcotraficantes do PCC, evitou realizar grandes apreensões de drogas e
chamar atenção dos criminosos.
Sem causar alarde, os policiais
conseguiram determinar e neutralizar a rede do crime organizado com
tentáculos em pelo menos dois estado, e isso resultou na Operação
Elefante Branco, cujos detalhes podem ser vistos em Juiz instaura colegiado para julgar presos da “Elefante Branco”.
Efetivamente, essa integração entre as
polícias e o trabalho investigativo tem conseguido dar uma resposta à
ação criminosa naquela região.
Perspectivas
Pau dos Ferros e região não está numa
zona controlada, pois a criminalidade ainda é um problema,
potencializado pela diminuição paulatina de efetivo em todo o Estado do
Rio Grande do Norte. Tanto na Polícia Civil como na Polícia Militar, a
previsão de aposentadorias é grande e o trabalho que tem se mostrado
efetivo até agora pode ser deveras prejudicado.
As taxas de criminalidade tem sido
reduzidas através de políticas acessórias, mas é importante que haja
melhoria das condições de trabalho dos policiais, otimização da
estrutura disponível para ação policial com veículos, armamentos,
munições, imóveis e recursos diversos.
É preciso manter essa conquista e
estratifica-la para outras regiões, principalmente no Oeste Potiguar,
onde o crime tem achado espaço na ausência do Estado e se entronizado
nas ruas e no comportamento desviante de algumas pessoas que encontram
na impunidade seu grande incentivador para continuar agindo.

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