Durante a reunião que elegeu a nova diretoria da Confederação Nacional da Indústria, ontem, em Brasília, os dirigentes foram informados de que o Vice Presidente da República, José Alencar, havia decidido participar da solenidade.
Ele queria prestigiar a eleição de Robson Andrade, novo Presidente da CNI e Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, terra de José Alencar.
Os dirigentes da CNI ficaram esperando que José Alencar chegasse de São Paulo, onde estava se submetendo a mais uma sessão de quimioterapia.
Terminada a aplicação, pegou um avião, chegou a Brasília, foi para a CNI, recebeu cumprimentos de todos, ficou meia hora de pé.
A solenidade começou, ele naturalmente sentou-se no lugar reservado para o Vice Presidente da República e um dos maiores industriais do país.
Quando chegou a vez dele falar, o cerimonial, gentilmente, levou o microfone até onde ele estava.
Levantou-se e disse que iria falar na tribuna.
"Já pensou se amanhã divulgam que eu falei sentado? Vão achar que estou morto, que estou me entregando. Vou falar na tribuna", anunciou José Alencar.
Falou por meia hora, discurso vibrante e cheio de esperança no futuro do Brasil.
Os empresários da indústria ainda seriam surpreendidos na mesma noite pela força de José Alencar.
Foi durante o coquetel servido logo em seguida e no jantar.
Sentou-se na mesa principal, virou-se para um garçon e pediu "um golo".
Um assessor apressou-se em fazer com a cabeça o gesto de não.
Ele não poderia tomar "um golo", em função do seu tratamento.
José Alencar, quase 80 anos, mais de 18 cirurgias, um câncer a ser vencido, tomou duas doses de uísque.
E saiu alegre e feliz, do jeito que chegou.
Toda a história foi assistida de perto pelo Presidente da Fiern, Flávio Azevedo, ainda mais admirador do Vice José Alencar.