quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pacientes que necessitam de parto cesariano são encaminhadas a Russas, no estado do Ceará


A paralisação dos anestesiologistas, iniciada em 1º de janeiro, tem gerado uma série de transtornos à saúde pública de Mossoró, em especial ao serviço de obstetrícia na Maternidade Almeida Castro, única maternidade pública da região. Com a impossibilidade de realizar intervenções cirúrgicas na unidade, as pacientes que necessitam de fazer partos cesarianos são encaminhadas a Russas no estado do Ceará.


Segundo o serviço social da Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR), diante da atual situação, toda paciente em trabalho de parto que chega ao plantão do hospital é avaliada. Se for normal, a paciente fica; se necessitar do parto cesariano é encaminhada ao Ceará. Somente ontem, três potiguares foram ter seus filhos na cidade cearense. 

As mulheres vão a Russas em ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No entanto, a solução momentânea acaba se tornando mais um transtorno às pacientes, tendo em vista a longa espera entre a solicitação do carro pela Casa de Saúde e a chegada da ambulância para levar a paciente. Teve um caso em que o veículo demorou mais de 40 minutos para chegar.

Além disso, as pacientes reclamam do desconforto e da insegurança de terem que viajar ao estado vizinho. "Confesso que estou angustiada. Tenho medo, não sei como vai ser durante a viagem. A gente se prepara tanto para este momento, que deveria ser feliz. E quando é chegada a hora, a gente se depara com essa incerteza", desabafa a gestante Carla Sumara, que aguardava na sala da recepção com expectativa de realizar hoje o parto cesariano.

A outra opção das gestantes, se não quiserem ter o filho em Russas, é pagar o procedimento pela rede particular. No entanto, a maioria das mulheres não têm como arcar com os custos de um parto particular, que chega a custar até R$ 4 mil.
Com a greve dos anestesiologistas, além dos cesarianos e partos normais que necessitam de anestesia, também estão suspensas as cirurgias eletivas no Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM) e Instituto de Neucardiologia do Hospital Wilson Rosado.

O anestesiologista Ronaldo Fixina enfatiza que reconhece que a população está sendo prejudicada com a suspensão dos serviços de anestesia, no entanto ressalta que a paralisação é necessária para lutar por melhorias, não apenas para a classe, mas para toda a população. "Quando cobramos melhores condições de trabalho e o pagamento por nossos serviços estamos pensando em buscar melhoria para oferecer um serviço de qualidade à população", diz.

Ele lamenta que para isso seja necessário um ato tão extremo. "Enviamos um ofício no dia 26 de dezembro informando que iríamos paralisar o serviço devido a quebra de contrato por parte da Prefeitura e nada foi feito para evitar essa situação. É uma vergonha na cidade que quer ser a metrópole do futuro, que tem poços de petróleo, as mulheres tenham que ser encaminhadas a Russas por não existir nenhuma outra opção", finaliza o especialista. 


Anestesiologistas mantêm suspensão das cirurgias eletivas no COHM e no Hospital Wilson Rosado

Ontem à noite, os 11 anestesiologistas da Clínica de Anestesiologia de Mossoró se reuniram nas dependências da unidade para avaliar o movimento grevista. Na ocasião, os especialistas decidiram pela continuidade da paralisação dos procedimentos anestésicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para retomar os serviços, os especialistas reivindicam, melhores condições de trabalho, que a Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) encaminhe um ofício assegurando o pagamento integral dos profissionais. O documento também deve esclarecer que não vai haver um segundo ofício anulando o primeiro. Além disso, o Executivo deve assegurar que irá manter as cláusulas contratuais até o encerramento do contrato, previsto para julho deste ano.

"Primeiro, o gerente manda um ofício dizendo que não vai mais pagar o Plus. Depois volta atrás dizendo que vai pagar. Quem garante que ele não vai voltar atrás novamente e suspender os pagamentos?. Não dá para confiar. Queremos garantir que iremos receber pelos serviços prestados", frisa diretor administrativo da CAM, Ronaldo Fixina.

Os anestesiologistas enfatizam ainda que "se houver qualquer tipo de pressão a um profissional, por parte de quem quer que seja, a categoria irá pedir a rescisão do contrato", ameaça Fixina, destacando que a possibilidade é real e poderá acarretar ainda mais prejuízo à população.

Ainda na reunião, os profissionais decidiram que irão disponibilizar um plantonista para o setor de obstetrícia na Maternidade Almeida Castro. O atendimento às gestantes que necessitam de parto cesariano no município será realizado a partir de hoje, 4. Todavia, o atendimento será restrito a uma paciente por vez.

Ronaldo Fixina informa ainda que o atendimento não mais será feito nas salas do centro cirúrgico da maternidade, que fica no primeiro andar. "Iremos atender às pacientes em uma sala do térreo, onde tem todos os equipamentos que pleiteamos. Mas será feito a cirurgia de uma em uma paciente", reforça o especialista.

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