sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A fragilidade do ser superlativo -

 O texto publicado pelo jornalista Márcio costa em sua conceituada coluna "Giro Pelo Estado", edição de hoje, no jornal O Mossoroense.

Vamos ao texto:

Na última quinta-feira, um caso acabou revoltando a sociedade pau-ferrense. Pelas redes sociais o professor Dhiego Fernandes resolveu externar toda a sua fúria contra a sociedade da bravia cidade oestana, que não agradou ao recém-chegado. A forma agressiva encontrada pelo professor para reclamar dos problemas que cercam Pau dos Ferros mostra o quanto é falho nosso sistema de seleção para o serviço público. O sistema prioriza uma fórmula que para a grande maioria das vezes não soma num contexto prático. Dhiego pode ser um técnico apurado em sua área, mas não tem preparo para ocupar a função que desempenha, a de educador. Educar é missão nobre, exige, além de conhecimentos, outros atributos. O ''pedido de desculpa'' apresentado pelo professor reforça essa tese. Dhiego reconheceu excessos, mas recorreu ao direito constitucional de ter opinião. O direito de opinar não anda acompanhado do direito de ''atacar''. Quando aprovado para o cargo que ocupa, o professor teve todo o direito de aceitar, ou não, ir para uma cidade do interior cercada por limitações e dificuldades. Se aceitou assumir a função de educador, Dhiego poderia ter externado sua insatisfação de uma outra forma. Como servidor público e cidadão teria sua opinião respeitada. Culpar toda uma sociedade por problemas crônicos que em sua maioria atingem toda a sociedade brasileira, discriminar e minimizar ''nativos'' por problemas que vão além da capacidade individual de resolução, é combustível que alimenta sulistas que discriminam nordestinos, americanos que discriminam brasileiros. Estamos no mesmo barco da fragilidade humana, que teima em ser superior com argumentos tão frágeis quanto as que alimentam casos como este. Dhiego agora passa a ser alvo da própria inocência. Não estranhem se a sociedade de Pau dos Ferros cobrar sua saída do cargo de professor do IFRN sob a argumentação de que o "cabaré" precisa de pessoas que respeitem os "nativos". Dhiego poderá pagar com o próprio emprego pelas reações alimentadas pela falta de preparo que não é identificada nos concursos públicos: a fragilidade do ser superlativo.

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