segunda-feira, 14 de março de 2016

Análise de Ney Lopes sobre protestos, no “Diário do Poder”-DF: E agora: como será o “dia seguinte”?

Artigo de Ney Lopes (editor do blog) sobre as manifestações de ontem (13), no “Diário do Poder”, editado em Brasília, DF, dirigido pelo jornalista Cláudio Humberto.

LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA PUBLICADO EM BRASÍLIA- DF, ACESSANDO: http://zip.net/bms1n7

 
Ninguém pode negar ter sido surpreendente a amplitude das manifestações deste domingo, 13, em todos os estados do país.

A exemplo dos protestos que eclodiram no mundo árabe, a partir do final de 2010, o povo brasileiro foi às ruas e clamou por mudanças profundas, numa espécie de “primavera latina”.

O rescaldo político é de que as chamas alcançaram não apenas o governo federal, mas toda a classe política, principalmente o Congresso Nacional.

Essa a conclusão notória, que certamente a classe política não admitirá, porém é verdadeira à luz do meio dia.

Para comprovar a rejeição generalizada ao governo e aos legisladores bastaria mostrar as vaias e apupos dirigidos a políticos, independente de partidos, que ousaram ir às ruas.

Fato emblemático foi à presença percebida no meio da multidão de uma das cidades, de um cidadão, parado numa esquina, com cartaz, no qual se lia a seguinte mensagem:

Não acompanho vocês porque não quero Michel Temer como presidente; Não quero Eduardo Cunha como vice; Não há nenhuma proposta além dessa troca; Quem está pedindo o fim da corrupção também é corrupto.

Eu acompanharia vocês se a demanda fosse a renuncia coletiva da presidência, do Congresso e do Senado; A proposta fosse uma reforma política radical; A reivindicação fosse à mudança do sistema político; O pedido fosse o fim do voto de legenda.”

O anônimo tem razão!

A partir deste domingo ficou evidenciado que a presidente Dilma Rousseff perdeu completamente as condições de governabilidade e o Congresso Nacional a legitimidade do exercício dos mandatos dos seus membros.

Não adianta insistir na busca do impossível, que seria um pacto nacional, por já ter passado a hora.

Esse era o caminho, a exemplo da Concertácion chilena e do Pacto de Moncloa da Espanha.

Todavia, para alcançar esse objetivo, o país necessitaria de estadistas, o que todos sabem não existirem, no momento nacional.

E agora? Depois do que se viu neste domingo, como será o dia seguinte?

Difícil responder. Muitos fatores influem numa definição de alternativa, dentro da legalidade, para salvar o país do abismo.

Fala-se em parlamentarismo, semiparlamentarismo, governo repartido com as oposições e tantas outras propostas.

Permita o internauta arriscar um “palpite”.

O Brasil clama um Grande Gesto!

A luz no final do túnel poderia ser enxergada, a partir de uma decisão elevada e digna da Presidente Dilma Rousseff.

Não se trata de renuncia.

A Presidente, ciente do que acontece e a certeza de que vem fazendo o que lhe é possível, reconheceria perante o país, que chegou a hora de reformas e mudanças profundas, definitivas e inadiáveis.

A partir dessa convicção, a chefe do governo enviaria ao Congresso Nacional proposta de convocação de uma Constituinte originária para reformular, o hoje estraçalhado sistema jurídico brasileiro.

Sem uma Constituinte, em curto prazo, o país será inviável, com as crises políticas sendo realimentadas, periodicamente.

O gesto de grandeza envolveria igualmente o Congresso, que deliberaria sobre a convocação de eleições gerais de Presidente, vice, deputados e senadores, o que poderia até ser conciliado, em termos de datas, com as eleições municipais.

Com esse gesto, em nome da estabilidade nacional, presidente e congressistas reconheceriam que o país necessita ser passado a limpo, para a tranquilidade de todos.

Apenas, um sonho?

Talvez seja!

Porém, é bom lembrar que o Papa Francisco já recomendou: “Tenha coragem. Não tenha medo de sonhar coisas grandes!”.

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